1 – Introdução

            Decifrar o mundo letrado ainda é um grande desafio em nosso país. Cerca de 163 milhões de pessoas, com 15 anos ou mais, não sabem ou apresentam dificuldades para ler e escrever.1

            Analisando sob a perspectiva de um mundo pós-moderno, onde as exigências sociais, intelectuais e culturais se fazem cada vez mais elevadas, temos um cenário de grande desigualdade. Por um lado, um número expressivo de pessoas “analfabetas” e por outro um mundo com oportunidades, porém, com altas exigências.

            A leitura, por sua vez, é uma habilidade complexa e que exige que nosso cérebro passe por uma reciclagem neuronal.2

Contudo, através das ciências cognitivas, se torna possível a compreensão do processo de aquisição da leitura e através dessas contribuições elaborar programais mais eficientes voltados, tanto para o processo de alfabetização em idade esperada, como para aqueles que apresentam dificuldade e prejuízo, mas que já se encontram em idade mais avançada.

2 – Ciência Cognitiva da Leitura

A ciência cognitiva da leitura reúne contribuições da neurociência cognitiva, psicologia cognitiva e linguística cognitiva 3. que são ciências que tratam de entender como acontece o processo de aprendizagem da leitura e sua relação com o cérebro.

O conhecimento de como esse processo se dá permite que sejam criados programas, assim como, estratégias mais eficientes para o ensino -estímulo de tal habilidade.

3– Alfabetização baseada na ciência

(Política Nacional de Alfabetização e Painel Nacional da Leitura)

Os documentos citados acima são documentos importantes e de referência para o ensino da leitura no Brasil.

Ambos trazem informações científicas, através de estudos de revisão da literatura e informações do cenário real da alfabetização no país.

Em concordância, descrevem conceitos e práticas baseadas na ciência cognitiva da leitura, revelando a importância da atuação do professor e da família.

4- Abismo entre as evidências e a realidade – um olhar crítico

O Brasil é um país em desenvolvimento e que, em se tratando de políticas públicas de alfabetização, conta com documentos norteadores atuais, embasados cientificamente. Mas, então, por que o número de brasileiros analfabetos ou com dificuldade na leitura é tão alto?

Precisamente se sabe que muitos são os fatores que influenciam na aprendizagem, entre eles, condições de convívio familiar, social, econômico, cultural, todos estes envolvidos com o bem-estar físico, mental do sujeito aprendente.

Ao considerar um olhar mais amplo, começa a desvendar um importante papel de governantes que seria trabalhar e garantir políticas públicas de qualidade e que envolvam, melhores condições de saúde, alimentação, entre outros. Dentro de tal aspecto é possível considerar a diminuição da desigualdade social, racial, econômica.

Ademais, há de se perceber um abismo entre o ideal – mostrado pelas evidências e o realmente atingido – retratado pelo número de analfabetismo.

            Analisar fatores e condições dos sujeitos aprendentes dentro de suas famílias, nos mais diversos contextos, considerando as oportunidades e influências dessas condições nas capacidades de aprendizagens é aproximar o ideal de um país desenvolvido ao quadro atual. Isso faz favorecer a esperança de uma política ampla, de fato mais efetiva.

Referências Bibliográficas:

1 – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ttps://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/4. Acesso em 27 de julho de 2024.

2 – Dehaene, Stanislas (b). “Os neurônios da leitura – como a ciência explica a nossa capacidade de ler”. Porto Alegre, Penso (2012):

3 – Maluf, M. R.; Silva C.C.R; Madza, E. (2020).Ciências Cognitiva e pesquisas translacionais em alfabetização. Em Relatório Nacional de Alfabetização baseada em evidência/ organizado por Ministro da Educação – MEC. Organizado por Secretaria de Educação – Sealf – Brasília, DF: Mec/ Sealf.

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