Este artigo não se propõe em ser uma crítica a uma metodologia usada no diagnóstico do Transtorno Bipolar mais sim demostrar que o médico deve fazer uso de todos métodos diagnostico para uma melhor abordagem de seu paciente.
O Transtorno do Espectro Bipolar uma das dez causas de incapacidade na população geral, possui uma incidência de 4,8% a 61,3%, dependendo da metodologia diagnostica usada.
Tal variação de uma grande amplitude decorre da forma estática e pouco abrangente adotada pela DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) da associação Americana de Psiquiatria pois usando somente a metodologia proposta por este manual como demostrado em um estudo realizado pela World Mental Health, publicado em 2011 no Arquives of General Psychiatry 2011;68(3):241-251, há uma incidência de 4,8% da população geral.
Porem estudos realizados por Franco Benazzi (1957-2009) publicado no Jounal affective Disordes em 2003 adotando uma entrevista estruturada sem o limite de duração (4 dias) imposto pelo DSM IV, observou que 61,3% dos pacientes possuíam quadro não de Transtorno Depressivo Unipolar mais sim de Transtorno Bipolar com suas variantes.
Um segundo estudo Angst Zurich em 1991, demostra que usando uma definição mais ampla na reavaliação de Pacientes com Transtornos Unipolares há uma reclassificação no diagnóstico inicial para os Transtornos dos Espectro Bipolar da ordem de 49,2% dos pacientes anteriormente classificados como Transtornos Depressivos Unipolares (Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 1991;240:339-48).
Outro estudo realizado no Brasil por Leão IAT e Del-Porto no Journal of Affective Disorders em novembro de 2012 demostra que há prevalência em uma população de 200 pacientes reavaliados como Transtorno Unipolares, utilizando um critério uma definição mais abrangente com base nos estudos de Franco Benazzi e Angst Zurich que demostra que 60 % destes pacientes eram reclassificados como do Espectro Bipolar, o que se aproxima muito dos estudos dos autores Franco Bernazzi 61,3% e Angst Zurich 49,2%.
O que se conclui com esta revisão sobre os Transtorno dos Espectro Bipolar é que se baseado semente no critérios diagnósticos da DSM V, haverá uma falha no diagnósticos Transtornos Bipolares da ordem de 49,2 % a 61,3%.
Desta forma uma entrevista mais ampla por parte do médico psiquiatra e com uma definição mais abrangente sobre tal condição é necessária para o diagnóstico preciso do Transtorno do Espectro Bipolar pois o tratamento precoce desta condição tem um grande reflexo no prognostico do paciente evitando condições clinicas como aumento das recidivas dos quadros depressivos, redução no risco de suicídio do indivíduo pois o Transtorno Bipolar tipo II leva a mais suicídios que o Transtorno Depressivo Unipolar.
Com o tratamento precoce há uma prevenção nas alterações funcionais e estruturais cerebrais e diminuição no ônus acarretado pelo Transtorno do Espectro Bipolar que está segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) entre as dez patologias responsáveis pelas incapacidades laborativas.
O Transtorno do Espectro Bipolar se não diagnosticada precocemente é uma condição grave para o bem-estar do paciente e seu prognostico de vida desta forma a utilização de uma única ferramenta no caso a DSM V em seu diagnostico contraria os achados em estudos mais recentes sobre o Transtorno do Espectro Bipolar, sendo necessário uma visão mais ampla por parte do médico na avaliação das condições do estado do humor que vá além da DSM V.
Dr. Fernando A. Carneiro